Turquia: Nemrut, Şanlıurfa, Harran

Chegamos a essa parte da Turquia considerada menos turística, mas que para quem gosta, é onde está a verdadeira essência da cultura e história turca, lindíssima, por sinal!

Dentro de uma van, com um guia super simpático e profundo conhecedor da história do seu país, seguimos por uma viagem sem igual que contarei a seguir.

Nosso destino é Monte Nemrut, mas para chegar lá, foi preciso passar por algumas cidades e algumas paradas muito interessantes.

Primeira parada: Avanos - uma cidade da região central de Anatólia - cuja principal economia é a produção de cerâmica de barro. Sim, visitamos uma fábrica de cerâmica de barro e tivemos vontade de comprar tudo, mas infelizmente, a restrição de bagagem não nos permitiu...

 
Essas visitas são, geralmente, muito bem organizadas e estrategicamente montadas para seduzir o bolso dos turistas. Primeiro chás (de todos os sabores, especialmente de maçã), taças de vinhos ou champagnes são servidos, depois eles te monstram todo o processo produtivo, que é 100% artesanal - os desenhos são feitos com o máximo capricho e concentração - e depois te levam para uma loja cuidadosamente montada onde produtos finamente acabados são exibidos aos visitantes. É difícil não cair na tentação...
 
 

Bem, resistimos às compras - com um certo dó no coração - e continuamos a viagem.
Na estrada Kayseri-Malatya fizemos uma parada para conhecer um típico caravanserai. Esse caravanserai, datado dos anos 1219, era composta por duas partes, a aberta - para verão -, e a coberta - para inverno - e era usada para hospedar os viajantes e seus cavalos nas rotas comerciais, principalmente, na rota da seda.

Sabe a palavra "caravana"em português? então, adivinhe...originou do turco!


Mais a diante, outra paradinha muito especial e memorável: conhecemos o melhor sorvete de toda a minha vida, o Mado. Feitos a base de leite de cabra! E olhe que eu não gosto de queijo de cabra, mas este sorvete, superou todas as minhas expectativas!
Fundado em 1850 o seu método e receita são mantidos em segredo e guardado a sete chaves! Dizem que um empresário italiano do ramo de sorvetes tentou comprar sua receita mas foi, por várias vezes, recusado!!!


Monte Nemrut, finalmente! Para se chegar lá não foi fácil, acordamos às 3 da manhã e sob um frio congelante, fomos todos a caminho dessa montanha que, em 1987, foi nomeada pela Unesco como patrimônio mundial!

A ideia era chegar no topo da montanha a tempo de ver o nascer do sol, mas naquele dia não vimos o sol, no lugar dele, um vento implacável a bater no rosto e a chicotear, sem dó, o nosso corpo! Quando nos demos conta, uma parte da montanha estava mergulhada na neve branquinha e fofa...Quem disse que estávamos preparados para a neve?

Bem, apesar de tudo, valeu a pena. Depois de subir a montanha, o prêmio:  imensas estátuas de leões, águias e estátuas gigantescas de deuses Apolo, Zeus e do rei Antíoco, a maior parte extraordinariamente bem preservadas.

No topo do monte Nemrut encontramos, também, as ruínas do túmulo do Antíoco,  um dos reis do pequeno estado Helenístico de Comagena. Numa inscrição de culto, ele declara que construiu o monumento para os anos e gerações que se lhe seguissem "como uma dívida de agradecimento aos deuses e aos seus antepassados".

Para a construção deste monumento funerário, construído com grandes lajes de pedra e de configuração piramidal, o cume original do monte Nemrut foi removido.

Cabeça de deus Apolo representado com chapéu persa
 
 
Túmulo do rei Antíoco
Ruínas de Arsameia: uma antiga cidade datada do século I antes de Cristo - eu não disse que essa parte da viagem era cheia de histórias? - Depois de subir um caminho cheio de cascalho espalhado e empoeirado até a colina, encontramos uma pedra em alto relevo impressionante retratando o deus grego Hércules apertando as mãos do rei Mitrídates, que fundou Commagene e foi o pai de Antíoco.


À direita do relevo há uma longa inscrição em grego, conhecido como o maior inscrição descoberta na Anatólia. Essa inscrição descreve a fundação da Arsameia



Şanlıurfa, ou simplesmente Urfa, situada em uma planície cerca de 50 quilômetros a leste do rio Eufrates, é uma cidade bíblica. Localizada ao sudeste da Turquia, onde a população Curda, Turca e Árabe vivem misturadas, tem a fama de ser o local de nascimento do profeta Abraão.

Local sagrado de nascimento do Abraão
 
A cidade de Urfa, que faz froteira com a Síria, está profundamente enraizada na história e a sua cozinha única é uma fusão das cozinhas de muitas civilizações que governaram em Urfa. Acredita-se que Urfa foi berço de muitos pratos famosos, incluindo quibe cur, que Segundo a lenda, foi criado pelo profeta Abraão!

Continuando nossa viagem, próxima parada: Harran uma vila citada na Bíblia onde Abraão morou antes de ir para Canaã, a Terra Prometida. Hoje é um sítio arqueológico. Dizem que perto de lá foi encontrado indício da Arca de Noé, além de restos mortais de Adão e Eva! - é ou não incrível?

Tivemos oportunidade de visitar uma das casas típicas de Harran. Toda feita de barro e com uma pequena abertura na parte superior - para entrada e saída de ar.
Apesar do frio que fazia na parte de fora, por dentro a casa é quentinha!

 

Uma paradinha no Mercado de Harran para tomar chá de maçã e descansar um pouco. O Mercado, como outros da Turquia, é cheio de lojas que vendem os temperos e lenços de seda, um mais lindo que outro!


Quase no finalizinho da nossa viagem, fomos presenteados com um belo arco-íris sobre suas montanhas áridas. Foi a forma ímpar que a Turquia encontrou de despedir-se de nós e desejar um, quem sabe, breve retorno!